Os números vêm de um mutirão científico que produziu um número de consenso, ao reunir dados que antes pareciam discordantes.
Ian Joughin/Divulgação/Science | ||
Canal formado por derretimento de gelo na Groenlândia |
"Nossa estimativa é duas vezes mais precisa do que a apresentada pelo IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática] em seu ultimo relatório, graças a inclusão de mais dados de satélite", disse Andrew Shepherd, climatólogo da Universidade de Leeds (Reino Unido) que liderou o estudo.
O trabalho todo reuniu 47 cientistas de 26 laboratórios e cruzou informações coletadas por dez satélites, usando quatro técnicas diferentes.
A situação mais preocupante, segundo o estudo, é na Groenlândia, onde a redução do manto de gelo é dois terços do total global. Na Antártida, a porção oriental do continente teve um tênue aumento em seu manto, mas as perdas ocorridas no lado ocidental foram muito maiores, fazendo o saldo ficar negativo.
A perda de massas continentais de gelo ainda é um componente menor dentro dos fenômenos que contribuem para o aumento no nível do mar. O fator que mais influencia a subida da linha d'água é a expansão térmica: quando a água se aquece, ocupa maior volume. Mas isso pode, e deve, mudar.
"A Groenlândia perde massa cinco vezes mais rápido hoje do que no início dos anos 1990", diz o geocientista Erik Ivins, da Nasa, co-líder do estudo.
"A Antártida parecia estar mais ou menos constante, mas na última década aparentemente sofreu uma aceleração de 50% na taxa de perda de gelo."
Ian Joughin/Divulgação/Science | ||
Rachaduras no gelo da Antártida, ao longo da costa Amundsen |
INCERTEZAS
Simulações de computador que tentam prever o aumento total do nível do mar até 2100 em razão do aquecimento global variam radicalmente. O último relatório do IPCC trabalha com uma variação entre 20 cm e 60 cm, mas previsões recentes mais sofisticadas indicam que o nível do mar pode subir de 75 cm a 1,85 metro neste século.
Os dados publicados hoje na "Science" vão permitir a criação de modelos com menos incerteza.
Mesmo que a taxa de degelo na Antártida e na Groenlândia siga sem acelerar, há razão para preocupação.
"Com 11 mm de aumento no nível de um oceano inteiro, a massa adicional de água que pode atingir um litoral durante uma tempestade aumenta muito", diz Ivens.
"E, quando há mais massa numa onda no mar, a capacidade dessa onda de transportar energia muda. O processo é bem mais complicado."
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress | ||
http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1193455-dados-mostram-que-antartida-e-groenlandia-passam-por-degelo-acelerado.shtml |
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